Feijão carioca busca recuperação em 2023 e preto atinge patamares recordes por estoques ínfimos

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Porto Alegre, 28 de dezembro de 2023 – Os preços do feijão carioca iniciaram o ano firmes, mesmo considerando o período de ausência do setor varejista. Segundo o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira, o avanço da colheita da primeira safra 2022/23 em importantes regiões produtoras gerou oferta, porém, a demanda se mostrou superior, resultando em cotações elevadas.

“A escassez de produtos de boa qualidade já dava sinais no início do ano, após a primeira safra, juntamente com uma boa demanda e preços firmes, especialmente para o feijão de melhor tipo”, afirmou.

A fase final da primeira safra 2022/23 manteve os preços firmes até meados de abril, período inicial da segunda safra. No entanto, a dificuldade de repasse para o setor varejista, o baixo ritmo de compra e a preferência por venda casada limitaram o giro.

Segunda safra

O analista destacou que na segunda safra o mercado seguiu ajustado, com dificuldades no repasse de aumentos no grão.

“A baixa qualidade do produto disponível no mercado paulista no segundo trimestre do ano levou os compradores a postergarem reposições, buscando mercadorias de melhor qualidade diretamente nas regiões produtoras”, relatou.

Mesmo com a queda, as cotações permaneceram em patamares elevados devido à pouca oferta do produto. A partir de meados de julho, teve início a colheita nas áreas irrigadas da terceira safra 2022/23, seguida pelas áreas conduzidas no regime de sequeiro. A oferta do produto extra, anteriormente escassa, foi ampliada a partir de meados de agosto com a intensificação das colheitas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Segundo semestre

De acordo com Oliveira, no segundo semestre, uma expressiva queda nas cotações foi impulsionada pela presença mínima de compradores. Nesse cenário, os corretores passaram a solicitar preços mais elevados pelo produto, principalmente via embarque.

A oferta expressiva do produto, proveniente das colheitas nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste do país, atingindo mais de 50% da área plantada em meados de setembro, exerceu uma pressão intensa sobre os preços. A partir disso, muitos produtores optaram por fechar suas porteiras, com desinteresse na comercialização e aguardando condições mais favoráveis.

Próximo ao final do ano, observou-se uma mudança no panorama, com uma maior demanda, um hiato de oferta devido à entressafra, e os reflexos do fenômeno El Niño. Esses fatores contribuíram para uma recuperação nas cotações da variedade, equilibrando-se finalmente com os preços da variedade do feijão preto após um período prolongado de valores inferiores.

Feijão preto

O analista enfatizou que o feijão preto teve um início de ano abastecido pelas sobras da safra nacional e produtos importados da Argentina. No Paraná, principal estado produtor dessa variedade, já se estimava uma redução de 15% na área plantada na primeira safra 2022/23 em comparação com a safra anterior. Até meados do primeiro trimestre, cerca de 65% da produção da primeira safra já tinha sido comercializada.

Recorde

“À medida que o ano avançava, novas valorizações ocorreram devido à melhor procura e à oferta cada vez mais limitada. Os importadores, cientes do baixo estoque e das condições climáticas adversas no Sul do país, pressionaram por novos aumentos nas cotações”, disse.

No final de novembro, as cotações do feijão preto atingiram patamares recordes, superando impressionantes R$ 400,00 por saca.

O cenário começou a mudar apenas com o início da colheita da primeira safra de 2023/24 no Sul do país. Mesmo assim, conforme Oliveira, as ofertas continuam dominadas por mercadorias importadas. Na segunda metade de dezembro, as cotações do feijão preto retornaram ao equilíbrio em relação ao feijão carioca, marcando um ajuste após meses de movimentos intensos no mercado.

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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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